Abstract in English:
In ultrasonography, the bi-dimensional mode (B-mode) allows the morphological and morphometric evaluation of several types of organs and tissues, while the Doppler mode allows the hemodynamic evaluation. In humans, the Doppler evaluation is routinely used in the assessment of important arteries and veins, such as the carotid arteries and jugular veins, with significant differences between genres and sides. However, in veterinary medicine, this diagnostic method is not yet well established in the evaluation of the carotid arteries, with only few reports in domestic horses. This study aims to compare the right and left common carotid arteries of domestic horses and mules using bi-dimensional and Doppler ultrasound evaluation. The common carotid arteries from 10 domestic horses (five males and five females) and 10 mules (five males and five females) were evaluated. The following variables were measured at three different portions (cranial, middle and caudal): diameter, intima-media thickness (IMT), resistivity index (RI), pulsatility index (PI), peak of systolic velocity (pSV) and final diastolic velocity (fDV). No significant differences were observed in the bi-dimensional variables (diameter and IMT) between the common carotid arteries of horses and mules, regardless of gender (p>0.05). In Doppler mode, there were no significant differences between carotid values in male and female horses (p> 0.05). In the mules, it was only possible to observe differences between the RI and PI values (p<0.05), being higher on the left side (0.81 and 2.04 respectively), and the fDV (p<0.05) higher, on the right side (14.35) in males. As for females, there was only in fDV (p<0.05), with the upper right side (23.16). Diameters and IMT do not differ between sides in horses and mules in B-mode ultrasound. Spectral Doppler in horses does not differ between sides, regardless of gender. As for mules, males differ in RI, PI and fDV between sides, while females differ only in fDV.
Abstract in Portuguese:
Na ultrassonografia, o modo bidimensional (modo B) permite a avaliação morfológica e morfométrica de vários tipos de órgãos e tecidos, enquanto o modo Doppler permite a avaliação hemodinâmica. Em humanos, a avaliação com Doppler é usada rotineiramente na avaliação de artérias e veias importantes, como as artérias carótidas e veias jugulares, com diferenças significativas entre gêneros e lados. No entanto, em medicina veterinária, este método diagnóstico ainda não está bem estabelecido na avaliação das artérias carótidas, com apenas poucos relatos em equinos domésticos. Este estudo tem como objetivo comparar as artérias carótidas comuns direita e esquerda de equinos e mulas domésticos, utilizando a avaliação bidimensional (modo B) e por ultrassonografia Doppler espectral. Avaliaram-se as artérias carótidas comuns de 10 equinos domésticos (cinco machos e cinco fêmeas) e 10 mulas (cinco machos e cinco fêmeas). As seguintes variáveis foram medidas em três porções diferentes (cranial, médio e caudal): diâmetro, espessura íntima-média (IMT), índice de resistividade (RI), índice de pulsatilidade (PI), pico de velocidade sistólica (pSV) e velocidade diastólica final (fDV). Não foram observadas diferenças significativas nas variáveis bidimensionais (diâmetro e IMT) entre as artérias carótidas comuns de cavalos e muares, independentemente do gênero (p>0,05). No modo Doppler, não houve diferenças significativas entre os valores para carótidas em equinos machos e fêmeas (p>0,05). Nos muares, só foi possível observar diferenças entre os valores de RI e PI (p<0,05), sendo maiores no lado esquerdo (0,81 e 2,04 respectivamente), e o fDV (p<0,05) superior no lado direito (14,35) nos machos. Quanto as fêmeas, houve apenas no fDV (p<0,05), sendo o lado direito superior (23,16). Os diâmetros e IMT não diferem entre os lados em equinos e muares na ultrassonografia modo B. Já o Doppler espectral nos equinos não difere entre os lados, independentemente do gênero. Quanto aos muares, os machos diferenciam no IR, IP e fDV entre os lados, enquanto as fêmeas apenas para fDV.
Abstract in English:
Bovine digital dermatitis (BDD) is a polybacterial claw disease that is endemic to dairy cattle kept in loose house systems, and treponemas are the main bacteria implicated in this disease. The objective of this study was to report the occurrence of Treponema spp. in BDD from crossbred dairy cattle (Holstein x Zebu) kept in a pasture in the Brazilian Amazon biome. The diagnostic of BDD was performed by inspecting the distal extremities of cattle during milking in one or more visits comprising 15 farms. In total, it could be inspected 1,847 cows from August 2016 to July 2017, and 25 lesions of BDD were diagnosed. The feet were scored (System M: M0 = no lesion, M1 = ulcer stage <2cm, M2 = ulcer stage >2cm, M3 = healing stage, M4 = chronic stage, M4.1 = chronic stage with ulcer area). Twenty four biopsy samples were taken from feet with BDD and five biopsy samples from feet with no lesions. The histopathology of stained tissues was performed by hematoxylin and eosin and Warthin-Starry method. The samples were also tested by nested PCR for the three previously isolated BDD Treponema phylogroups (T. medium/T. vincentii-like, T. phagedenis-like and T. putidum/T. denticola-like). Spirochetes were observed in 54.2% (13/24) of the lesions, and in 91.7% (22/24) of the samples were detected the DNA of this spirochete belonging to the treponema phylogroups implicated in BDD. In 25% (6/24) of the lesions were detected all the phylogroups. Forty percent (40%, 2/5) of the M0 samples were also positive for the nested Polymerase Chain Reaction (nested-PCR), as 8.3% (2/24) of the lesions were negative in both techniques employed. Treponema putidum/T. denticola-like was the most detected bacterial in all the stages, and active lesions (M2 and M4.1) presented a greater proportion of T. medium/T. vincentii-like and T. phagedenis-like, but no statistical differences were observed (p>0.05). It could be concluded that BDD lesions in crossbred dairy cattle kept to pasture in the Amazon biome were classified as “polytreponemal” infections and the phylogroup T. putidum/T. denticola-like was the most frequent in the lesions.
Abstract in Portuguese:
Dermatite digital bovina (DDB) é uma enfermidade polibacteriana dos dígitos endêmica em vacas leiteiras criadas em estábulos e as treponemas são as principais bactérias envolvidas. Este estudo teve como objetivo relatar a ocorrência de Treponema spp. em DDB em bovinos leiteiros mestiços (Holandês x Zebu) criados a pasto no bioma amazônico brasileiro. O diagnóstico da DDB foi realizado pela inspeção, em uma ou mais visitas, das extremidades distais das vacas durante a ordenha em 15 propriedades. No total, foram inspecionadas 1.847 vacas de agosto de 2016 a julho de 2017 e diagnosticou-se 25 lesões de DDB. As extremidades distais inspecionadas foram classificadas em escores (M0 = sem lesão, M1 = estágio ulcerado <2cm, M2 = estágio ulcerado >2cm, M3 = estágio em cicatrização, M4 = estágio crônico, M4.1 = estágio crônico com área ulcerada) e realizada 24 biópsias de dígitos com DDB e cinco biópsias de dígitos em estágio M0. Foram realizadas a histopatologia pelas colorações de hematoxilina e eosina e pelo método de Warthin-Starry, e a nested de reação em cadeia de polimerase (nested-PCR) para os três filogrupos de treponemas previamente isolados de DDB (Treponema medium/T. vincentii-like, T. phagedenis-like e T. putidum/T. denticola-like). Espiroquetas foram observadas em 54,2% (13/24) das lesões e em 91,7% (22/24) detectou-se o DNA de, pelo menos, um dos filogrupos de treponemas pesquisados. Em 25% (6/24) das lesões foram detectados o DNA dos três filogrupos. Em 40% (2/5) das amostras em estágio M0 também foram positivas na nested-PCR, assim como 8,3% (2/24) das lesões foram negativas em ambas as técnicas empregadas. T. putidum/T. denticola-like foi o filogrupo mais detectado em todos os estágios e lesões ativas (M2 e M4.1) apresentaram uma maior proporção para Treponema medium/T. vincentii-like e T. phagedenis-like, mas não se obteve diferença estatística na ocorrência dos filogrupos entre os estágios das lesões (P>0,05). Conclui-se que lesões de DDB em rebanhos leiteiros mestiços criados a pasto no bioma amazônico brasileiro são “politreponemais” e o filogrupo T. putidum/T. denticola-like é o mais frequente nas lesões.
Abstract in English:
Icterus (jaundice) is a yellowish pigmentation resulting from the depositing of bilirubin in tissues due to its high plasmatic concentration. The pathogenesis of icterus includes metabolic changes or obstructed bilirubin excretion and it is classified as pre-hepatic, hepatic and post-hepatic. This study aimed to evaluate and classify different causes of icterus in dogs during post mortem examination. These dogs were examined from 2014 to 2017, using macroscopic and histologic exams as well as ancillary tests. Eighty-three dogs were examined macroscopically and microscopically. They were separated into groups of icterus types: 24 (28.9%) dogs had pre-hepatic icterus, 45 (54.2%) had hepatic, 13 (15.7%) pre-hepatic and hepatic and one (1.2%) had post-hepatic icterus. Many factors were identified as a cause of icterus, including infectious agents (51/83), neoplasms (13/83), hepatic degeneration (11/83), chronic hepatic diseases (6/83), and obstructive causes (1/87). Among the infectious causes, leptospirosis, ehrlichiosis and disorders suggestive of septicemia were diagnosed. Neoplasms associated with icterus were cholangiocarcinoma, hemangiosarcoma and lymphoma. Other causes of icterus included degenerative diseases, such as lipidosis and glycogen degeneration. Hepatic fibrosis (cirrhosis) as a chronic disease and cholelithiasis also produced icterus. PCR was performed to confirm leptospirosis and ehrlichiosis. Samples of total DNA were used to amplify a fragment of a gene from Leptospira interrogans and Ehrlichia canis. In some dogs, co-infection of these agents was detected. The classification and identification of icterus etiologies in dogs is very important due to the number of diseases with this alteration, where ante mortem diagnosis is not always easily performed when some of these conditions are present.
Abstract in Portuguese:
Icterícia é a pigmentação amarelada decorrente da deposição de bilirrubina em tecidos devido à elevada concentração plasmática. A patogênese da icterícia inclui alterações no metabolismo ou na excreção de bilirrubina, sendo classificada em pré-hepática, hepática ou pós-hepática. O objetivo desse estudo foi identificar, avaliar e classificar as causas de icterícia em cães necropsiados de 2014 a 2017, associando as lesões macroscópicas, histológicas e exames complementares. Foram avaliados macro- e microscopicamente 83 cães com diferentes intensidades de icterícia. Os cães foram separados em grupos de acordo com o tipo de icterícia: 24 (28,9%) cães com icterícia pré-hepática, 45 (54,2%) cães com icterícia hepática, 13 (15,7%) com icterícia pré-hepática e hepática e um (1,2%) com icterícia pós-hepática. Foram identificadas várias etiologias associadas à icterícia, dentre elas pode-se destacar, agentes infecciosos (51/83), neoplasmas (13/83), processos degenerativos (11/83), crônicos (6/83) e obstrutivos (1/83). Dentre as causas infecciosas, destacam-se a leptospirose, a erliquiose e as lesões sugestivas de septicemia. Entre os neoplasmas associados com icterícia destacaram-se o colangiocarcinoma, hemangiossarcoma e linfoma. Outras causas de icterícia incluiriam os processos degenerativos como as degenerações gordurosa e glicogênica. Fibrose hepática (cirrose) e colelitíase foram também diagnosticados como causa de icterícia. A PCR foi utilizada para o diagnóstico confirmatório de leptospirose e erliquiose. Amostras de DNA total foram utilizadas para amplificar um fragmento dos genes de Leptospira interrogans e de Ehrlichia canis. Em alguns cães foi detectada co-infecção por estes agentes. A classificação e a identificação das causas de icterícia em cães são relevantes devido ao grande número de doenças que apresentam essa alteração, muitas vezes sem diagnóstico ante mortem.
Abstract in English:
This work aimed to evaluate the effect of platelet-rich plasma (PRP) on advancement skin flaps in dogs regarding improvement of vascularization, with focus on increasing its viable area, since there are reports that it is a potential angiogenesis stimulator. The experimental group was composed of eight adult bitches, in which two advancement skin flaps were made in the ventral abdominal region. No product was applied in the control flap (CF), while PRP was used in the contralateral flap, called treated flap (TF). The areas were clinically evaluated every two days until the 7th postoperative day regarding skin color and presence of necrosis. At 10 days, both flaps were removed and submitted to histological examination and blood vessel morphometry. The vessels counted in each group were statistically analyzed by the F-test at 1% probability. Results showed no significant difference in macroscopic changes in the wound, or CF and TF vascularization, thus suggesting that PRP gel did not improve advancement skin flap angiogenesis in bitches under the experimental conditions in which this research was developed.
Abstract in Portuguese:
Objetivou-se com o presente artigo avaliar a ação angiogênica do gel de plasma rico em plaquetas (PRP) em flapes cutâneos de avanço em animais da espécie canina, visando aumentar a viabilidade da pele após o procedimento, uma vez que existem relatos de que o produto é um potente estimulador da angiogênese. O grupo experimental foi composto por oito cadelas adultas, onde foram confeccionados dois flapes de avanço (de padrão subdérmico) na região abdominal ventral. Em um dos flapes, considerado controle (FC) não foi aplicado nenhum produto, enquanto que no flape contralateral, denominado tratado (FT), foi usado o gel de PRP. As áreas foram macroscopicamente avaliadas a cada dois dias até o 7º dia de pós-operatório em relação à coloração da pele e presença de área de necrose, e com 10 dias ambos os flapes foram coletados por biópsia e submetidos ao exame histológico e morfometria dos vasos sanguíneos. Os vasos contados em cada grupo foram estatisticamente analisados pelo teste de F ao nível de 1% de probabilidades. Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa nas alterações macroscópicas das feridas e na morfometria vascular dos FC e FT, sugerindo dessa maneira que dentro das condições experimentais nas quais a pesquisa foi executada, que o gel de PRP não incrementou a angiogênese de flapes de avanço em cadelas.
Abstract in English:
Ruminants may be affected by a wide variety of central nervous system (CNS) diseases. Cerebrospinal fluid (CSF) analysis forms the basis for ante mortem diagnostic evaluation of ruminants with clinical signs involving the CNS. Despite its importance as a tool to aid diagnosis, data regarding CSF examinations in spontaneous cases of CNS diseases in ruminants from Brazil are limited, and most reports involve experimental studies. Therefore, this study aimed to report the results of CSF analysis in 58 ruminants showing signs of neurological disorders. CSF samples for analysis were obtained from 32 cattle, 20 sheep, and 6 goats by cerebello-medullary cistern (n=54) or lumbosacral space (n=4) puncture. These ruminants showed neurological signs related to viral (n=13), mycotic (n=3), or bacterial (n=15) infections, and toxic (n=21), traumatic (n=4), or congenital disorders (n=2). CSF analysis from ruminants with viral infections presented lymphocytic pleocytosis, even though CSF showed no changes in several cases of rabies. Neutrophilic pleocytosis, cloudiness, presence of fibrin clots, and abnormal coloration were evident in the CSF of most cases of CNS bacterial infection, such as meningoencephalitis, meningitis, abscesses, myelitis, and a case of conidiobolomycosis. On the other hand, CSF was unchanged in most cases of toxic disorders, as botulism and hepatic encephalopathy. Elevated CSF density was observed in 60% of ruminants diagnosed with polioencephalomalacia. Our findings show that evaluation of CSF is a valuable diagnostic tool when used in association with epidemiological, clinical and pathological findings for diagnosis of CNS diseases in ruminants.
Abstract in Portuguese:
Os ruminantes podem ser afetados por uma grande variedade de doenças do sistema nervoso central (SNC). A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) constitui a base da avaliação diagnóstica ante mortem de ruminantes com sinais clínicos envolvendo o SNC. Apesar de sua importância como ferramenta para auxiliar no diagnóstico, os dados referentes aos exames do LCR em casos espontâneos de doenças do SNC em ruminantes no Brasil são limitados, e, a maioria dos relatos envolve estudos experimentais. Portanto, este trabalho teve como objetivo relatar os resultados da análise do LCR em 58 ruminantes com distúrbios neurológicos. Amostras do LCR foram obtidas de 32 bovinos, 20 ovinos e 6 caprinos por punção da cisterna cerebelo-medular (n=54) ou espaço lombossacro (n=4) para posterior análise. Esses ruminantes apresentaram sinais neurológicos relacionados a infecções virais (n=13), micóticas (n=3) ou bacterianas (n=15), e desordens tóxicas (n=21), traumáticas (n=4) ou congênitas (n=2) A análise do LCR de ruminantes com infecções virais apresentou pleocitose linfocítica, embora, em vários casos de raiva, o LCR não tenha apresentado alterações. Pleocitose neutrofílica, turbidez, presença de coágulos de fibrina e coloração anormal foram evidentes no LCR da maioria dos casos de infecções bacterianas do SNC, como meningoencefalites, meningites, abscessos, mielite e um caso de conidiobolomicose. Por outro lado, o LCR não foi alterado na maioria dos casos dos distúrbios tóxicos, como botulismo e encefalopatia hepática. A densidade elevada no LCR foi observada em 60% dos ruminantes diagnosticados com polioencefalomalácia. Nossos resultados mostram que a avaliação do LCR é uma valiosa ferramenta de diagnóstico, quando usada em associação com os achados epidemiológicos, clínicos e patológicos para o diagnóstico de doenças do SNC em ruminantes.
Abstract in English:
The identification of diversity of bovine pestiviruses circulating in the field is fundamental for continuous evaluation of diagnostic tests and vaccine composition. In this article we performed the genetic and antigenic characterization of twelve bovine pestiviruses isolated in the western region of Rio Grande do Sul, Brazil. The viruses were isolated from sera of bovine fetuses or from animals with clinical presentations suggestive of pestivirus infection. Genetic characterization by sequencing and phylogenetic analysis of the 5’UTR region of the viral genome allowed for the identification of bovine viral diarrhea virus (BVDV-1a, 4/12, 33.3%), BVDV-1b (6/12, 50%) and BVDV-2 (2/12, 16.7%). The reactivity of the isolates with a panel of monoclonal antibodies raised against envelope proteins (Erns, E1 and E2) demonstrated a high antigenic variability among isolates. Thus, the active circulation of bovine pestivirus infection, with high genetic and antigenic variability, in cattle on the western border of RS was confirmed, demonstrating the importance of continuous characterization of the pestiviruses circulating in the cattle herds to keep the diagnostic and control measures up to date.
Abstract in Portuguese:
A identificação da diversidade de pestivírus bovinos que circulam no campo é fundamental para a avaliação contínua dos testes de diagnóstico e composição de vacina. Neste artigo, realizamos a caracterização genética e antigênica de doze pestivírus bovinos isolados na região oeste do Rio Grande do Sul, Brasil. Os vírus foram isolados de soros de fetos bovinos ou de animais com apresentações clínicas sugestivas de infecção por pestivírus. A caracterização genética por sequenciamento e análise filogenética da região 5’UTR do genoma viral permitiu a identificação do vírus da diarréia viral bovina (BVDV-1a, 4/12, 33,3%), BVDV-1b (6/12, 50%) e BVDV-2 (2/12, 16,7%). A reatividade dos isolados com um painel de anticorpos monoclonais criados contra proteínas do envelope (Erns, E1 e E2) demonstrou uma alta variabilidade antigênica entre os isolados. Assim, confirmou-se a circulação ativa da infecção por pestivírus bovino, com alta variabilidade genética e antigênica, em bovinos na fronteira oeste do RS, demonstrando a importância da contínua caracterização dos pestivírus circulantes em bovinos para manter atualizadas as medidas de diagnóstico e controle.
Abstract in English:
The induction of labor aims to concentrate births to follow up better the parturient and the first care to the neonates. However, even if the labor induction technique with dexamethasone administration has been successfully described since the late 1970s, few studies report the technique of birth development and neonatal vitality in Santa Inês sheep. This study aimed to evaluate the efficiency of dexamethasone use in two doses (8 and 16mg) in labor induction of Santa Inês ewes at 145 days of gestation and to evaluate its effects on the birth characteristics. In this study, 58 ewes were used, raised in an extensive system in the experimental farms of UFBA, with confirmation pregnancy after fixed-time artificial insemination or controlled breeding. These female ewes were separated into three groups according to the dose of dexamethasone administered (G1 = 0mg, G2 = 8mg, and G3 = 16mg). From these births, 79 lambs were born. This study analyzed the period from induction of labor to birth, fetal presentation at birth, the weight of the placenta, and the period for placenta expulsion. The data were analyzed by the Statistical Analysis System (SAS v.9.1.3®, 2002), and the significance level considered for all analyzes was 5%. Births of induced groups occurred on average at 48.4±22.17 hours after induction, while the females with non-induced labor gave birth 131.96±41.9 hours on average after the placebo application (P<0.05), confirming the efficiency of both doses for induction of labor. The period from induction to birth did not differ (P>0.05) between the doses used. There were no differences in delivery about the fetal static relation, time to placental attachment, and weight. With this study, it can be concluded that the induction at 145 days of gestation with eight or 16mg of dexamethasone is a useful technique and does not alter the labor in Santa Inês sheep.
Abstract in Portuguese:
A indução do parto visa concentrar os nascimentos para melhor acompanhamento das parturientes e primeiros cuidados aos neonatos. Contudo, mesmo que a técnica de indução de parto, com administração de dexametasona, tenha sido descrita com sucesso desde o final da década de 70, existem estudos escassos que relatam a influência desta técnica sobre o parto em ovinos da raça Santa Inês. Dessa forma, o objetivo do estudo foi avaliar a eficácia da dexametasona em duas doses (8 e 16mg), para a indução do parto de ovelhas Santa Inês com 145 dias de gestação e avaliar os seus efeitos nas características de desencadeamento e finalização do parto. Para este estudo foram utilizadas 58 ovelhas, criadas em sistema extensivo nas fazendas experimentais da UFBA, com prenhez confirmada após inseminação artificial em tempo fixo ou monta controlada. Essas fêmeas foram separadas em três grupos, de acordo com a dose de dexametasona administrada (G1 = 0mg, G2 = 8mg e G3 = 16mg). Destes partos nasceram 79 cordeiros. Foram avaliados o período em horas da indução do parto aos nascimentos, a apresentação fetal ao nascimento, assim como o peso da placenta e o período para o delivramento. Os dados foram analisados pelo pacote estatístico Statistical Analysis System (SAS v.9.0®, 2002) sendo considerado para todas as análises o nível de significância de 5%. Os nascimentos dos grupos induzidos ocorreram em média com 48,4±22,1 horas após a indução, enquanto que as fêmeas com parto não induzido pariram em média 131,96±41,9 horas após aplicação do placebo (P<0,05), confirmando a eficácia de ambas as doses para indução do parto. O período da indução até o parto não diferiu (P>0,05) entre as doses utilizadas. Não ocorreram diferenças no parto em relação à estática fetal, tempo para o delivramento e peso da placenta nos diferentes grupos. Com este estudo, conclui-se que a indução de parto em ovelhas aos 145 dias de gestação com oito e 16 mg de dexametasona é uma técnica eficaz e que não altera o trabalho de parto nas ovelhas da raça Santa Inês.
Abstract in English:
Hemoplasmas are bacteria able to adhere themselves loosely to the plasma membrane of erythrocytes and may parasitize several species of mammals. There are three known species of hemoplasmas that parasitize domestic and wild cats: Mycoplasma haemofelis, ‘Candidatus Mycoplasma haemominutum’ and ‘Candidatus Mycoplasma turicensis’. Dogs are infected by at least two species of hemoplasmas: ‘Candidatus Mycoplasma haematoparvum’ and Mycoplasma haemocanis. The hemoplasmoses are very important in veterinary clinics, either because of its worldwide distribution and severity of clinical signs, depending on parasite species and host immune competence, or due to its zoonotic potential and capability of infecting endangered species. This study set out to investigate which hemoplasmas species parasitize different captive wild carnivores in order to clarify the epidemiology of hemoplasmoses in wild animals. Furthermore, the research intended to characterize the hematological changes caused by different species of hemotropic mycoplasmas infection in order to establish their clinical importance to wild species and the capacity of these species to become a reservoir of studied agents. Samples of 33 wild felids and 18 wild canids were investigated using polymerase chain reaction (PCR) to detect hemoplasmas DNA and it was observed that the occurrence of infection in these species is 45.5% and 83.3%, respectively. Factors such as age, gender or anaemia are not more frequent in animals positive for the infection. Therefore, it is concluded that infection caused by hemoplasmas in wild carnivores has high prevalence, and either agent pathogenicity is low, or chronic stage is more frequent, resulting in a low rate of diagnosis.
Abstract in Portuguese:
Hemoplasmas são bactérias capazes de aderir frouxamente à membrana plasmática de eritrócitos e que podem parasitar diversas espécies de mamíferos. São conhecidas três espécies de hemoplasmas que parasitam felídeos domésticos e selvagens: Mycoplasma haemofelis, ‘Candidatus Mycoplasma haemominutum’ and ‘Candidatus Mycoplasma turicensis’. Cães são infectados por ao menos duas espécies de hemoplasmas: Candidatus Mycoplasma haematoparvum’ and Mycoplasma haemocanis. As hemoplasmoses são de grande importância na clínica veterinária, tanto pela sua distribuição ubíqua e severidade dos sinais clínicos, a depender da espécie do parasita e imunocompetência do hospedeiro, quanto pelo seu potencial zoonótico e capacidade de infectar espécies ameaçadas. Este estudo visa investigar quais espécies de hemoplasmas parasitam diferentes carnívoros selvagens de cativeiro, a fim de esclarecer a epidemiologia das hemoplasmoses em animais selvagens. Além disso, o trabalho objetivou caracterizar as alterações hematológicas causadas pela infecção por diferentes espécies de micoplasmas hemotrópicos visando estabelecer sua importância clínica para espécies selvagens e a capacidade destas espécies de se tornar reservatórios dos agentes estudados. Amostras de 33 felídeos selvagens e de 18 canídeos selvagens foram investigadas por meio da reação em cadeia da polimerase (RCP) para detectar o DNA dos agentes e foi observado que a ocorrência da infecção por hemoplasmas nestas espécies é de 45,5% e 83,3%, respectivamente. Fatores como idade, sexo ou anemia não são mais frequentes em animais positivos para a infecção. Dessa forma, conclui-se que a infecção causada por hemoplasmas em carnívoros selvagens possui alta prevalência, no entanto ou a patogenicidade dos agentes é baixa ou o estágio crônico da infecção é mais frequente, resultando em uma baixa frequência diagnóstica.
Abstract in English:
This study aimed to evaluate the appropriate sites of abdominocentesis for peritoneal fluid collection in cattle and to investigate the time of cell viability in vitro, comparing three methods of sample conservation. Twenty-one healthy cattle (19 females and 2 males) were subjected to a laparocentesis procedure to obtain peritoneal fluid, with punctures in three defined sites: left cranial, right cranial, and right caudal. The total peritoneal fluid collected was divided into three aliquots and maintained under three preservation conditions: room temperature (26°C), refrigeration (4°C), and room temperature (26°C) with the addition of 1µL of 10% formaldehyde per 1mL of peritoneal fluid. The peritoneal fluid analysis performed immediately after collection consisted of: physical examination (color, appearance, volume, and specific gravity), biochemical measures (pH, total protein, fibrinogen, creatinine, and glucose), and cellularity (total and differential counts). The determination of proteins and the examination of cells were repeated in each separate aliquot at two, four, six, and eight hours after harvest. Data were analyzed through repeated measures ANOVA or Friedman test. The harvest was productive in 67% of cattle. The left cranial and the right cranial puncture sites were the most appropriate. Peritoneal fluid analyzed after collection, the total protein concentration ranged from 1.4 to 3.6g/dL, and number of leukocytes ranged from 54 to 1,322 cells/µL; 60 to 95% of leukocytes were lymphocytes. The protein concentration decreased, but the absolute values of leukocytes, lymphocytes, and segmented neutrophils did not change up to eight hours after collection, independent of the maintenance method. Cell lysis was delayed by cooling, and the addition of formaldehyde did not help preserve the integrity of cellular morphology. Laparocentesis is a safe and secure procedure in cattle and maybe more productive when performed in specific sites on the left or right sides of the cranial abdominal wall. Peritoneal fluid samples may be analyzed with reliable results for up to eight hours after collection when kept refrigerated and for up to six hours when kept at room temperature.
Abstract in Portuguese:
O estudo teve como objetivo avaliar os locais adequados de laparocentese para a colheita de fluido peritoneal de bovinos e estabelecer o tempo de viabilidade celular in vitro, comparando três métodos de conservação. Vinte e um bovinos hígidos (19 fêmeas e 2 machos) foram submetidos ao procedimento de laparocentese para obtenção de fluido peritoneal, com punção em três pontos definidos: cranial esquerdo, cranial direito e caudal direito. O volume total do líquido peritoneal foi dividido em três alíquotas mantidas sob três métodos de conservação: temperatura ambiente (26°C); refrigeração (4°C); e temperatura ambiente (26°C) com adição de 1µL de formol 10% para cada 1mL de líquido peritonial. A análise do líquido peritoneal realizada imediatamente após sua obtenção consistiu em: exames físico (cor, aspecto, volume e densidade); bioquímicos (pH, proteína total, fibrinogênio, creatinina e glicose); e da celularidade (contagens total e diferencial). A determinação de proteínas e o exame da celularidade foram repetidos, em cada alíquota separada, as duas, quatro, seis e oito horas após a colheita. Análise de variâncias de medidas repetidas ou teste de Friedman foram empregados para avaliação ao longo do tempo. A colheita foi produtiva em 67% dos bovinos e os locais de punção craniais esquerdo e direito foram os mais adequados. A concentração de proteína total variou de 1,4 a 3,6g/dL e o número de leucócitos de 54 a 1.322 células/µL, com predomínio de linfócitos (60 a 95% das células) no fluido peritoneal analisado logo após a colheita. A concentração de proteínas diminuiu, mas os valores absolutos de leucócitos, de linfócitos e de neutrófilos segmentados não se modificaram até oito horas após a colheita, independente do método de manutenção das amostras. A lise celular foi retardada pela refrigeração e a adição de formol não contribuiu para preservar a integridade da morfologia celular. A laparocentese é um procedimento seguro e de execução fácil em bovinos sendo mais produtiva quando realizada em locais específicos à esquerda ou à direita craniais da parede abdominal. Amostras de fluido peritoneal podem ser analisadas com resultados confiáveis quando mantidas refrigeradas por até oito horas após a colheita e quando mantidas à temperatura ambiente por até seis horas.
Abstract in English:
Inadequate exposure of the female reproductive system to steroids in uterine developmental periods can partially inhibit the development of endometrial glands in dogs. However, the effects of steroids on the formed glands functionality remain unknown, as well as the possible occurrence of endometrial fibrosis. This study aimed to evaluate the secretory activity of endometrial glands in prebubertal female dogs submitted to a protocol of partial ablation of the uterine adenogenesis. Sixteen females of non-specific breed were distributed into two groups; MPA (n=8), females that received applications of medroxyprogesterone acetate every 3 weeks; and C (n=8) untreated control females. Ovariohysterectomy was performed in all animals at the age of 6 months and evaluated the uterine horns by histological and histochemistry exams. The secretion intensity (degrees 1-4) was evaluated using periodic acid-Schiff (PAS) and alcian blue (AB) pH 2.5. Histological evaluation was performed using Masson’s trichrome and toluidine blue. Only degree 1 and 2 marks for PAS were observed in both groups, with no difference of uterine secretion intensity between the groups regarding the degrees found. However, the MPA group revealed higher intensity of uterine secretion compared to group C (p<0.05). Staining with AB pH 2.5 also revealed only degree 1 and 2 marks in both groups, with no statistically significance between them. Masson’s trichrome staining revealed no marks in the periglandular region in both groups. A higher among of mast cells was observed in the myometrial region of the uterus in both groups. Prepubertal female dogs with partial ablation of the uterine adenogenesis present minimal uterine secretory activity, absence of periglandular fibrosis and increased presence of mast cells in the myometrium compared to endometrium.
Abstract in Portuguese:
A exposição inadequada do sistema reprodutor feminino a esteróides em períodos do desenvolvimento uterino pode inibir parcialmente o desenvolvimento das glândulas endometriais em cães. Entretanto, não se conhece os efeitos dos esteróides sobre a funcionalidade das glândulas formadas, bem como a possível ocorrência de fibrose endometrial. Objetivou-se avaliar a atividade secretória das glândulas endometriais de cadelas pré-púberes submetidas a protocolo de ablação parcial da adenogênese uterina. Foram utilizadas 16 fêmeas, sem-raça-definida, distribuídas nos grupos MPA (n=8), fêmeas que receberam aplicações de acetato de medroxiprogesterona a cada 3 semanas, e C (n=8), fêmeas controle não tratadas. Aos seis meses de idade, foi realizada ovariohisterectomia em todos os animais, e avaliados os cornos uterinos pelo exame histológico e de histoquímica. Para avaliar a intensidade de secreção (graus 1-4), foram utilizadas periodic acid-Schiff e alcian blue (AB) pH 2,5. Para a avaliação histológica foram utilizados tricrômico de Masson e azul de toluidina. Apenas marcações graus 1 e 2 foram observadas para PAS em ambos os grupos, sem diferença na intensidade de secreção uterina entre grupos com relação aos graus encontrados. Entretanto, o grupo MPA apresentou maior intensidade de secreção uterina em relação ao grupo C (p<0,05). Com relação ao AB pH 2,5, em ambos os grupos também foram encontradas apenas marcações de graus 1 e 2, sem diferença estatística entre grupos. Não foram observadas marcações para a coloração de tricrômico de Masson na região periglandular, em ambos os grupos. Foi observada maior quantidade de mastócitos presentes no útero na região do miométrio, em ambos os grupos. Conclui-se que cadelas pré-púberes com ablação parcial da adenogênese uterina apresentam mínima atividade secretória uterina, ausência de fibrose periglandular e maior presença de mastócitos no miométrio em relação ao endométrio.