Resultado da pesquisa (22)

Termo utilizado na pesquisa Intoxicações

#1 - Anthelmintic intoxication in small ruminants diagnosed in Northeastern Brazil

Abstract in English:

The clinical, epidemiological and anatomopathological findings of anthelmintic poisoning in small ruminants diagnosed at the Veterinary Hospital of the Federal University of Campina Grande, Patos, Paraíba, from January 2000 to December 2022 are described. A total of 1,928 necropsies were carried out on small ruminants, of which 1,032 were goats and 896 sheep. Four outbreaks of anthelmintic poisoning were identified in these species: one outbreak of ivermectin in sheep, one outbreak of disophenol in goats and sheep and two outbreaks of nitroxinil in goats. These intoxications accounted for 0.78% and 0.23% of goat and sheep diseases diagnosed routinely. In the case of ivermectin poisoning, the animal had neurological clinical signs, and no macroscopic or histopathological alterations were observed. In the outbreaks of disophenol and nitroxinil, the animals showed anorexia, hyperthermia, tachycardia, tremors, dyspnea, incoordination and limb rigidity. Macroscopically, there were liver and kidney lesions associated with circulatory alterations, such as hemorrhages and edema. Microscopically, necrosis and degeneration of hepatocytes and tubular epithelial cells associated with hemorrhage and congestion were observed. The prevalence of these intoxications in small ruminants is considered low in the Semi-arid Northeast, but outbreaks can occur with high lethality in herds. The main risk factor for the occurrence of intoxications was overdose, combined with other factors such as the age of the animals, high environmental temperature, constant exercise and low body score, which increased the toxicity of anthelmintics.

Abstract in Portuguese:

Descrevem-se os achados clínicos, epidemiológicos e anatomopatológicos das intoxicações por anti-helmínticos em pequenos ruminantes diagnosticadas no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, Patos, Paraíba, durante o período de janeiro de 2000 a dezembro de 2022. Foram realizadas 1.928 necropsias de pequenos ruminantes, sendo 1.032 caprinos e 896 ovinos. Destes, foram identificados quatro surtos de intoxicação por anti-helmínticos nessas espécies: um surto de intoxicação por ivermectina em ovino, um surto de disofenol em caprinos e ovinos e dois surtos por nitroxinil em caprinos. Essas intoxicações representaram 0,78% e 0,23% das doenças de caprinos e ovinos diagnosticadas na rotina, respectivamente. Na intoxicação por ivermectina o animal apresentava sinais clínicos neurológicos e não foram observadas alterações macroscópicas e histopatológicas. Nos surtos de disofenol e nitroxinil, os animais demonstravam anorexia, hipertermia, taquicardia, tremores, dispneia, incoordenação e rigidez de membros. Macroscopicamente observou-se lesões hepáticas e renais associadas a alterações circulatórias como hemorragias e edemas. Microscopicamente observou-se necrose e degeneração de hepatócitos e das células epiteliais tubulares associadas a hemorragia e congestão. A prevalência dessas intoxicações em pequenos ruminantes é considerada baixa no Semiárido nordestino, entretanto, os surtos podem ocorrer com alta letalidade nos rebanhos. O principal fator de risco para a ocorrência das intoxicações foi a sobredosagem aliada aos demais fatores como idade dos animais, temperatura ambiental alta, exercício constante e escore corporal baixo, que provocaram o aumento da toxicidade dos anti-helmínticos.


#2 - Techniques for prevention and control of poisoning by sodium monofluoroacetate (MFA)-containing plants in ruminants

Abstract in English:

Monofluoroacetate (MFA)-containing plants cause sudden death associated with exercise in ruminants, and are responsible for significant losses in Brazilian livestock, estimated at 500,000 bovine deaths annually. Most of the times, the control and treatment of this type of poisoning are not efficient, because disease evolution is superacute, usually causing the death of the animal. Due to the difficulty in controlling this intoxication, several studies have suggested alternatives to prevent it, mainly by making animals resistant to the MFA present in these plants or by avoiding their consumption. This literature review addresses the techniques used experimentally to control the poisoning of ruminants by plants containing MFA. The first studies carried out in Brazil demonstrated that goats and sheep that continuously receive non-toxic doses of plant containing MFA show greater resistance to poisoning than untreated animals, and that this resistance can be transmitted by ruminal fluid transfaunation, suggesting that poisoning occurs due to the presence of bacteria that hydrolyze MFA in the rumen. Based on this hypothesis, several MFA-hydrolyzing bacteria were isolated (Enterococcus faecalis, Bacillus sp., Paenibacillus sp., Burkholderia sp., Cupriavidus sp., Staphylococcus sp., Ancylobacter sp., Ralstonia sp., Stenotrophomonas sp., Pigmentiphaga kullae, and Ancylobacter dichloromethanicus). When some of these bacteria were administered intraruminally, they provided the animal with a different level of protection against poisoning. However, it was observed that protection is gradually lost when the bacterium administration is interrupted. Consequently, to obtain more efficient protection, these bacteria should be administered continuously, probably in the form of probiotics. In another assay, MFA was administered to sheep at non-toxic doses to test the hypothesis that this substance could induce the multiplication of bacteria that hydrolyze it in the rumen. There was no increase in resistance to poisoning after administration of MFA; however, no signs of poisoning were observed when animals received trifluoroacetate and no clinical signs were verified when they were challenged with toxic doses of MFA; in contrast, all control animals presented clinical signs. These results suggest that trifluoroacetate induces the proliferation of MFA‑degrading bacteria, and can be used in intoxication prophylaxis. The conditioned food aversion technique, using lithium chloride, has been successfully used experimentally to prevent ruminants from ingesting plants that contain MFA. Another alternative tested was the spraying of Amorimia septentrionalis with the endophytic bacterium Herbaspirillum seropedicae, which degrades MFA, resulting in decreased concentration of this compound in the plants. In conclusion, several experimental techniques have been proved efficient in the control and prophylaxis of MFA-containing plant poisoning; however, none of these techniques are available commercially. Further experiments, mainly in the field, should be carried out to adapt some of these techniques to the conditions of extensive breeding in the numerous areas where MFA-containing plants occur.

Abstract in Portuguese:

As plantas que contém monofluoroacetato (MFA) causam morte súbita associada ao exercício em ruminantes, e são responsáveis por grandes perdas na pecuária brasileira, estimadas em 500.000 mortes de bovinos anualmente. O controle e tratamento desse tipo de intoxicação, na maioria das vezes, não apresenta eficiência, visto que a evolução da doença é superaguda, e geralmente ocasiona a morte do animal. Devido à dificuldade no controle dessa intoxicação, diversos estudos sugerem alternativas para preveni-la, principalmente tornando os animais resistentes ao MFA presente nessas plantas ou evitando seu consumo. O objetivo do presente trabalho é fazer uma revisão bibliográfica das técnicas utilizadas experimentalmente para controlar a intoxicação de ruminantes por plantas que contém MFA. Nos primeiros trabalhos realizados no Brasil, foi determinado que caprinos e ovinos que recebem continuadamente doses não tóxicas de planta que contém MFA apresentam maior resistência a intoxicação que animais não tratados e que essa resistência pode ser transmitida por transfaunação de fluído ruminal, sugerindo que a mesma ocorre devido a presença de bactérias que hidrolisam MFA no rúmen. Com base nessa hipótese foram isoladas diversas bactérias que hidrolisam MFA (Enterococcus faecalis, Bacillus sp., Paenibacillus sp., Burkholderia sp., Cupriavidus sp., Staphylococcus sp., Ancylobacter sp., Ralstonia sp., Stenotrophomonas sp., Pigmentiphaga kullae e Ancylobacter dichloromethanicus). Quando algumas dessas bactérias foram administradas intraruminalmente conferiram diferentes graus de proteção contra a intoxicação. No entanto foi observado que a proteção se perde gradualmente quando se deixa de administrar a(s) bactéria(s). Em consequência, para obter uma proteção mais eficiente essas bactérias deveriam ser administradas continuadamente, provavelmente na forma de probiótico. Em outro ensaio administrou-se MFA a ovinos em doses não tóxicas para testar a hipótese de que esta substância poderia induzir a multiplicação de bactérias que hidrolisam o mesmo no rúmen. Não houve um aumento da resistência a intoxicação após a administração de MFA; no entanto quando foi administrado trifluoroacetato, os animais não desenvolveram nenhum sinal de intoxicação e quando desafiados com doses tóxicas de MFA não apresentaram sinais clínicos, pelo contrário todos os animais controles apresentaram sinais clínicos. Esses resultados sugerem que o trifluoroacetato induz a proliferação de bactérias que degradam MFA e pode ser utilizado para a profilaxia da intoxicação. A técnica da aversão alimentar condicionada, utilizando cloreto de lítio, tem sido empregada experimentalmente, com sucesso, para evitar que ruminantes ingiram plantas que contém MFA. Outra alternativa testada foi a pulverização de Amorimia septentrionalis com a bactéria endofítica Herbaspirullum seropedicae, que degrada MFA, resultando na diminuição da concentração deste composto na planta. Conclui-se que há diversas técnicas que experimentalmente tem demonstrado eficiência no controle e profilaxia das intoxicações por plantas que contém MFA; no entanto, nenhuma dessas técnicas está disponível comercialmente. Futuros experimentos, principalmente, a campo, deverão ser realizados para adaptar alguma(s) dessas técnicas as condições de criação extensiva nas numerosas áreas onde ocorrem plantas que contém MFA.


#3 - Neurological diseases in cattle caused by plants and mycotoxins in Santa Catarina state, Brazil

Abstract in English:

This study described the epidemiological and clinical-pathological aspects of 25 outbreaks of neurological diseases in cattle caused by plants and mycotoxins in Santa Catarina state. Six of them were due to Sida carpinifolia poisoning, five to Solanum fastigiatum, five to Phalaris angusta, three to Claviceps paspali, three to Claviceps purpurea, and three outbreaks were of unknown etiology. The clinical signs observed in the affected cattle were mild to severe and characterized by generalized muscle tremors, incoordination, hypermetria, wide based stance, intentional head tremors, dull staring eyes, and frequent ear twitching, with convulsions in some cases. At necropsy, lesions were observed only for P. angusta poisoning, characterized by gray-greenish discoloration in thalamus and midbrain. Microscopically, rarefaction and/or disappearance of Purkinje neurons with substitution by Bergmann cells were observed for S. carpinifolia and S. fastigiatum poisoning. For P. angusta poisoning, thin granular brown-yellowish pigment was observed in the cytoplasm of some neurons. Gross and microscopic findings were not observed in three outbreaks of tremorgenic disease of unknown etiology. Experiments conducted with leaves, flowers and seeds of Ipomoea indivisa and Ipomoea triloba, as well as with maize and soybean residues contaminated with Ipomoea spp. did not reproduced clinical signs.

Abstract in Portuguese:

Descrevem-se os aspectos epidemiológicos e clinico-patológicos de 25 surtos de enfermidade neurológica em bovinos no estado de Santa Catarina causadas por plantas e micotoxinas. Destes, seis corresponderam a intoxicação por Sida carpinifolia, cinco por Solanum fastigiatum, cinco por Phalaris angusta, três por Claviceps paspali, três por Claviceps purpurea e três surtos de etiologia não definida. Os sinais clínicos observados nos bovinos afetados eram de intensidade leve a acentuada e caracterizados por tremores musculares generalizados, incoordenação, hipermetria, aumento da base de sustentação, balanço contínuo de cabeça, olhar atento e movimentos frequentes de orelhas, e em alguns surtos convulsões. Por meio de necropsia foram observadas alterações somente na intoxicação por P. angusta as quais caracterizaram por coloração cinza-esverdeada no tálamo e mesencéfalo. Na histologia, rarefação e/ou desaparecimento de neurônios de Purkinje com substituição por células de Bergmann foram observadas na intoxicação por S. carpinifolia e S. fastigiatum. Na intoxicação por P. angusta foi observado no citoplasma de alguns neurônios do tronco encefálico com pigmentação finamente granular marrom-amarelada. Nos três surtos de enfermidade tremorgênica com etiologia não definida não foram observadas lesões macroscópicas e microscópicas. Experimentos com folhas, flores e sementes de Ipomoea indivisa e Ipomoea triloba e resíduos de milho e soja contaminados com sementes destas duas plantas não produziram alterações clínicas.


#4 - Economic losses due to Vernonia rubricaulis poisoning in cattle

Abstract in English:

Vernonia rubricaulis is a hepatotoxic plant found in the Pantanal biome. Under natural conditions, it is responsible for highly fatal poisonings in cattle. From January 1999 to December 2016, 33 outbreaks of V. rubricaulis poisoning were recorded, resulting in 1509 bovine deaths, of which 719 (47.6%) were adult females, 413 (27.4%) were adult males, 244 (16.2%) adult cattle with no information about sex and 133 (8.8%) calves. The coefficients of morbidity, mortality and lethality were respectively 2.79%, 2.77% and 99.24%. Most outbreaks occurred in properties containing up to 1,000 cattle, where the most significant economic impacts were also observed. Among the total recorded deaths, the total direct monetary loss was estimated at US$764,893.33, which represents an average of 3.05% of the total assets (US$25,090,683.51) of the herds involved in the outbreaks. The plant can cause more severe damage to properties with less than 500 cattle, and can reach 50% of the total value of the herd. In comparison to other methods, the methodology used in this study has an economic impact consistent with reality, not overestimating the losses. Toxic plants, such as V. rubricaulis, can cause significant economic losses in the extensive systemic livestock, and it is important decision-making and prophylactic management to avoid the occurrence of poisoning in the herds.

Abstract in Portuguese:

Vernonia rubricaulis é uma planta hepatotóxica encontrada no bioma Pantanal. Em condições naturais, é responsável por intoxicações altamente fatais em bovinos. De janeiro de 1999 a dezembro de 2016, foram registrados 33 surtos de intoxicação por V. rubricaulis em bovinos que resultaram em 1509 mortes, sendo 719 (47,6%) fêmeas adultas, 413 (27,4%) machos adultos, 244 (16,2%) bovinos adultos sem informação sobre o sexo e 133 (8,8%) bezerros. Os coeficientes de morbidade, mortalidade e letalidade foram respectivamente de 2,79%, 2,77% e 99,24%. A maioria dos surtos ocorreu em propriedades contendo até mil bovinos, onde também foram constatados os impactos econômicos mais significativos. Do total das mortes registradas, o prejuízo monetário direto total foi calculado em US$764.893,33, o que representa em média 3,05% do total do patrimônio (US$25.090.683,51) dos rebanhos envolvidos nos surtos. A planta pode causar prejuízos mais severos em propriedades com menos de 500 bovinos, podendo chegar a 50% do total do valor do rebanho. Em comparação aos outros métodos, a metodologia utilizada neste estudo afere um impacto econômico condizente com a realidade, não superestimando os prejuízos. Plantas tóxicas, como a V. rubricaulis, podem causar prejuízos econômicos significativos na pecuária extensiva, sendo importantes tomadas de decisões e manejos profiláticos para evitar a ocorrência de intoxicação nos rebanhos.


#5 - Poisoning of cattle by Senecio spp. in Brazil: a review, 38(8):1459-1470

Abstract in English:

ABSTRACT.- Panziera W., Pavarini S.P., Sonne L., Barros C.S.L. & Driemeier D. 2018. Poisoning of cattle by Senecio spp. in Brazil: a review. [Intoxicação por Senecio spp. em bovinos no Brasil: revisão de literatura.] Pesquisa Veterinária Brasileira 38(8):1459-1470. Setor de Patologia Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves 9090, Prédio 42505, Porto Alegre, RS 91540-000, Brazil. E-mail: davetpat@ufrgs.br Poisoning of cattle by plants of the Senecio genus represents an important cause of death in cattle and has important economic repercussions in southern Brazil. This review is intended to provide a detailed review of Senecio spp. intoxication in cattle and addresses issues regarding the toxic principle and pathogenesis of the disease caused by these plants and the epidemiology, clinical signs, diagnosis, control and prophylaxis of the disease. Senecio brasiliensis is the main species associated with natural intoxication of livestock in Brazil, and the number of cases associated with the ingestion of S. madagascariensis is increasing. The toxic principle of Senecio spp. comprises the hepatotoxic alkaloids of the pyrrolizidine group (pyrrolizidine alkaloids, PAs). The resulting liver lesions are chronic and irreversible and result from the inhibition of hepatocellular mitosis. Deaths of adult cattle may occur both sporadically and in larger outbreaks over an extended period of time. In cattle raising, Senecio spp. are consumed mainly during the winter, when there is a dearth of forage; at this time the poisonous Senecio species are budding and contain high concentrations of PAs. Spontaneous Senecio spp. intoxication in cattle is a chronic condition that frequently involves acute clinical manifestations. Affected cattle may present ascites, emaciation, intermittent dark diarrhea, tenesmus, rectal prolapse, and neurological signs resulting from hepatic encephalopathy. Hepatogenous photosensitization may be observed but is uncommon. Necropsy findings include dependent subcutaneous edema, ascites, and edema of the mesentery, abomasal folds, and gallbladder. The liver is firm, normal or reduced in size with a white, thick capsule. Microscopically, the hallmarks of Senecio-associated disease are varying degrees of hepatocellular megalocytosis, bile duct hyperplasia and fibrosis. Sheep are significantly more resistant to Senecio intoxication than are cattle and avidly ingest Senecio plants; therefore, the use of sheep for grazing infested pasture is recommended for preventing the associated disease in cattle.

Abstract in Portuguese:

RESUMO.- Panziera W., Pavarini S.P., Sonne L., Barros C.S.L. & Driemeier D. 2018. Poisoning of cattle by Senecio spp. in Brazil: a review. [Intoxicação por Senecio spp. em bovinos no Brasil: revisão de literatura.] Pesquisa Veterinária Brasileira 38(8):1459-1470. Setor de Patologia Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves 9090, Prédio 42505, Porto Alegre, RS 91540-000, Brazil. E-mail: davetpat@ufrgs.br Intoxicação por plantas do gênero Senecio representa uma importante causa de morte em bovinos com grande repercussão econômica na região sul do Brasil. O objetivo dessa revisão é fornecer uma abordagem detalhada da intoxicação por Senecio spp. em bovinos, com enfoque nos seguintes aspectos da intoxicação: princípio tóxico e patogenia, epidemiologia, sinais clínicos, diagnóstico e controle e profilaxia. Senecio brasiliensis constitui a principal espécie associada a intoxicações espontâneas em animais de produção e há uma crescente incidência de casos relacionados à intoxicação por S. madagascariensis. A toxicidade das espécies de Senecio deve-se à presença de alcaloides hepatotóxicos pertencentes ao grupo das pirrolizidinas (APs), que produzem lesão hepática crônica e irreversível, caracterizada pela inibição da mitose de hepatócitos. As mortes dos bovinos adultos acontecem de forma esporádica ou em surtos durante um período prolongado de tempo, e podem ocorrer durante o ano todo. As espécies do gênero Senecio são pouco palatáveis e consumidas pelos bovinos somente em determinadas circunstâncias, principalmente, no inverno, período em que as diferentes espécies estão em brotação, com maior concentração de alcaloides, e a disponibilidade de forragem é escassa. A intoxicação geralmente cursa com um quadro crônico, embora as manifestações clínicas sejam agudas. Os bovinos afetados podem apresentar ascite, emagrecimento, diarreia escura intermitente, tenesmo, prolapso retal e sinais neurológicos (encefalopatia hepática). Ocasionalmente ocorre fotossensibilização hepatógena. Na necropsia, os principais achados incluem edema subcutâneo ventral, ascite, edema de mesentério e das pregas do abomaso, distensão e edema da vesícula biliar e fígado firme, diminuído de tamanho e com a cápsula brancacenta. Microscopicamente, as principais alterações hepáticas consistem de graus variados de hepatomegalocitose, hiperplasia de ductos biliares e fibrose. A profilaxia inclui o uso de ovinos para pastorear os campos infestados pela planta, visto que essa espécie é mais resistente à ação dos APs e apresenta avidez no consumo da brotação da planta.


#6 - Protective effect of melatonin on poisoning by herbicides, 36(3):174-180

Abstract in English:

ABSTRACT.- Almeida L.L., Teixeira A.A.C., Bezerra N.S. & Wanderley-Teixeira V. 2016. [Protective effect of melatonin on poisoning by herbicides.] Efeito protetor da melatonina sobre intoxicações por herbicidas. Pesquisa Veterinária Brasileira 36(3):174-180. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Regional do Cariri, Rua Cel. Antônio Luis 1161, Pimenta, Crato, CE 63105-000, Brazil. E-mail: lecioalmeida@ymail.com The inadequate use of herbicides may cause serious and sometimes chronic poisoning due to long exposure to low levels of toxic agents. Herbicides may also be teratogenic, mutagenic, cancerigenous agents and endocrine disruptors, with the occurrence of neurodegenerative diseases and reproduction disorders. Several studies have shown that melatonin has antioxidant, anti-inflammatory and immune-modulating qualities, besides affecting the reproduction system. It is among the agents which are beneficent in poisoning by herbicides even though no reports are extant on the use of melatonin against poisoning by Glyphosate-Roundup® alone or associated with Paraquat. Solutions that prevent or minimize cell lesions caused by several biological systems have been focused upon in the treatment for poisoning with herbicides. Thus, melatonin, a known antioxidant, may be an alternative against the poisoning by single or associated herbicides

Abstract in Portuguese:

RESUMO.- Almeida L.L., Teixeira A.A.C., Bezerra N.S. & Wanderley-Teixeira V. 2016. [Protective effect of melatonin on poisoning by herbicides.] Efeito protetor da melatonina sobre intoxicações por herbicidas. Pesquisa Veterinária Brasileira 36(3):174-180. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Regional do Cariri, Rua Cel. Antônio Luis 1161, Pimenta, Crato, CE 63105-000, Brazil. E-mail: lecioalmeida@ymail.com O uso inadequado de herbicidas pode resultar em intoxicações agudas e, às vezes, crônicas por exposição em longo prazo a baixos níveis desses agentes tóxicos, podendo o herbicida atuar também como agentes teratogênicos, mutagênicos, cancerígenos e desreguladores endócrinos, com o aparecimento de doenças neurodegenerativas e distúrbios reprodutivos. Estudos têm revelado que a melatonina tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras e atua na reprodução. Essa indolamina está entre os agentes que têm se mostrado benéfico em intoxicações por herbicidas, porém não há relatos do uso de melatonina contra intoxicações por Glifosato-Roundup®, muito menos em associação com o Paraquat. Dessa forma, o maior interesse no tratamento das intoxicações por herbicidas, tem-se concentrado em medidas que impeçam ou minimizem as lesões celulares provocadas nos diversos sistemas biológicos. Assim, a melatonina, como antioxidante conhecido, pode ser mais uma alternativa contra as intoxicações por herbicidas associados e/ou individuais.


#7 - Resistance to poisoning by Amorimia septentrionalis in goats induced by ruminal inoculation of the bacteria Pigmentiphaga kullae and Ancylobacter dichloromethanicus, 35(2):125-128

Abstract in English:

ABSTRACT.- Pessoa D.A.N., Silva L.C.A., Lopes J.R.G., Macêdo M.M.S., Garino Jr F., Azevedo S.S. & Riet-Correa F. 2015. [Resistance to poisoning by Amorimia septentrionalis in goats induced by ruminal inoculation of the bacteria Pigmentiphaga kullae and Ancylobacter dichloromethanicus.] Resistência à intoxicação por Amorimia septentrionalis em caprinos, induzida pela inoculação ruminal das bactérias Pigmentiphaga kullae e Ancylobacter dichloromethanicus. Pesquisa Veterinária Brasileira 35(2):125-128. Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, Avenida Universitária s/n, Bairro Santa Cecília, Patos, PB 58700-970, Brazil. E-mail: danipessoavet@gmail.com In Brazil is estimated that poisoning of livestock by sodium monofluoroacetate (MFA) containing plants causes the death of about 500.000 cattle per year. The ruminal inoculation of bacteria that degrade MFA has been proposed as a way to prevent the poisoning. This study aimed to evaluate in goats resistance to the MFA-containing plant Amorimia septentrionalis induced by ruminal inoculation of the bacteria Pigmentiphaga kullae and Ancylobacter dichloromethanicus. Twelve goats, without previous contact with MFA-containing plants, were divided into two groups of six animals each. In group 1, 60ml of a mixture of the two bacteria was inoculated every day for 10 days into each goat. In group 2, the goats did not receive the bacteria. At the 10th day of inoculation, A. septentrionalis began to be administered daily at a dose of 5g/kg body weight to both groups. The administration was interrupted in each goat after first clinical signs of poisoning were observed.. The goats of group 1 showed clinical signs 5.83±2.56 days after the administration of the plant, what differed significantly (p=0.037) from goats of group 2, that showed clinical signs 2.67±0 52 days after the beginning of ingestion. The amount of A. septentrionalis ingested by inoculated goats (28.83±12.97g/kg) to cause clinical sings was significantly greater (p=0.025) than the amount ingested by the non-inoculated (12.03±3.65) goats to cause clinical signs and was also statistically different between the groups. We concluded that the intraruminal administration of Pigmentiphaga kullae and Ancylobacter dichloromethanicus increases the resistance to poisoning by MFA-containing plants.

Abstract in Portuguese:

RESUMO.- Pessoa D.A.N., Silva L.C.A., Lopes J.R.G., Macêdo M.M.S., Garino Jr F., Azevedo S.S. & Riet-Correa F. 2015. [Resistance to poisoning by Amorimia septentrionalis in goats induced by ruminal inoculation of the bacteria Pigmentiphaga kullae and Ancylobacter dichloromethanicus.] Resistência à intoxicação por Amorimia septentrionalis em caprinos, induzida pela inoculação ruminal das bactérias Pigmentiphaga kullae e Ancylobacter dichloromethanicus. Pesquisa Veterinária Brasileira 35(2):125-128. Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, Avenida Universitária s/n, Bairro Santa Cecília, Patos, PB 58700-970, Brazil. E-mail: danipessoavet@gmail.com No Brasil, estima-se que as intoxicações por plantas tóxicas que contém monofluoroacetato de sódio (MFA) causam a morte de aproximadamente 500.000 bovinos ao ano. A inoculação ruminal de bactérias que degradam MFA tem sido proposta como uma forma de prevenir a intoxicação. O presente trabalho teve como objetivo avaliar, em caprinos, a resistência ao MFA presente em Amorimia septentrionalis, induzida por inoculação ruminal das bactérias Pigmentiphaga kullae e Ancylobacter dichloromethanicus. Doze caprinos, que nunca tiveram contato prévio com plantas que contêm MFA, foram divididos em dois grupos, com seis animais cada. No grupo 1, 60 mL de uma mistura das duas bactérias foi inoculada, diariamente, durante 10 dias em cada caprino. No grupo 2, os caprinos não receberam as bactérias. A partir do 10º dia de inoculação, A. septentrionalis foi administrada, diariamente, na dose de 5g/kg de peso vivo, sendo interrompida em cada animal após a observação dos primeiros sinais clínicos da intoxicação. Os caprinos do grupo 1 apresentaram sinais clínicos 5,83±2,56 dias após a administração da planta o que diferiu significativamente (p=0,037) dos caprinos do grupo 2, que apresentaram sinais clínicos aos 2,67±0,52 dias. A quantidade de planta ingerida pelos caprinos inoculados (28,83±12,97g/kg) e os não inoculados (12,03±3,65g/kg) para desencadear os sinais clínicos foi, também, estatisticamente diferente entre os grupos (p=0,025). Conclui-se que a administração intraruminal de Pigmentiphaga kullae e Ancylobacter dichloromethanicus induz resistência à intoxicação por plantas que contêm MFA.


#8 - Economic impact, epidemiology and control poisonous plants in Brazil, 33(6):752-758

Abstract in English:

ABSTRACT.- Pessoa C.R.M., Medeiros R.M.T. & Riet-Correa F. 2013 [Economic impact, epidemiology and control poisonous plants in Brazil.] Importância econômica, epidemiologia e controle das intoxicações por plantas no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira 33(6):752-758. Hospital Veterinário, Universidade Federal de Campina Grande, CSTR, Patos, PB 58700-310, Brazil. E-mail: franklin.riet@pq.cnpq.br The economic impact, epidemiology and control of plant poisonings in Brazil are reviewed. With the data obtained from diagnostic laboratories from different Brazilian regions, annual losses due to animal deaths are estimated in approximately 820.761 to 1.755.763 cattle, 399.800 to 445.309 sheep, 52.675 to 63.292 goats, and 38.559 horses. In Brazil toxic plants include 131 species within 79 genera, but this number is increasing continuously. However, most economic losses are caused by few plants including Palicourea marcgravii, Amorimia spp., Senecio spp., Pteridium aquilinum, Ateleia glazioviana and Cestrum laevigatum in cattle, Brachiaria spp. in cattle and sheep, Nierembergia veitchii, Mimosa tenuiflora and Ipomoea asarifolia in sheep, swainsonine-containing plants (Ipomoea carnea, Turbina cordata and Sida carpinifolia) in goats, and Brachiaria humidicola and Crotalaria retusa in horses. The main factors that determine the occurrence and frequency of plant poisoning include palatability, hunger, thirst, social facilitation, unawareness of the plant, access to toxic plants, toxic dose, ingestion period, variations in toxicity, and animal resistance/susceptibility. The results obtained in Brazil with the use of biological control, conditioned food aversion, selection of non-toxic varieties of forages, use of resistant animals to poisoning, and techniques to induce resistance are described.

Abstract in Portuguese:

RESUMO.- Pessoa C.R.M., Medeiros R.M.T. & Riet-Correa F. 2013 [Economic impact, epidemiology and control poisonous plants in Brazil.] Importância econômica, epidemiologia e controle das intoxicações por plantas no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira 33(6):752-758. Hospital Veterinário, Universidade Federal de Campina Grande, CSTR, Patos, PB 58700-310, Brazil. E-mail: franklin.riet@pq.cnpq.br A importância econômica, epidemiologia e controle das intoxicações por plantas em animais domésticos no Brasil são revisadas. Com os dados dos laboratórios de diagnóstico de diferentes regiões do país, as perdas anuais por mortes de animais foram estimadas em 820.761 a 1.755.763 bovinos, 399.800 a 445.309 ovinos, 52.675 a 63.292 caprinos e 38.559 equinos. No Brasil, atualmente, o número de plantas tóxicas é de 131 espécies e 79 gêneros e aumenta permanentemente. No entanto, a maioria das perdas são causadas por poucas plantas, incluindo Palicourea marcgravii, Amorimia spp., Senecio spp., Pteridium aquilinum, Ateleia glazioviana e Cestrum laevigatum em bovinos, Brachiaria spp em bovinos e ovinos, Nierembergia veitchii, Mimosa tenuiflora e Ipomoea asarifolia em ovinos, plantas que contêm swainsonina (Ipomoea carnea, Turbina cordata e Sida carpinifolia) em caprinos e Brachiaria humidicola e Crotalaria retusa em equinos. Os principais fatores epidemiológicos relacionados às intoxicações por plantas incluem palatabilidade, fome, sede, facilitação social, desconhecimento da planta, acesso a plantas tóxicas, dose tóxica, período de ingestão, variações de toxicidade e resistência/susceptibilidade dos animais às intoxicações. Quanto aos métodos de controle e profilaxia descrevem-se os resultados obtidos no Brasil com métodos recentemente desenvolvidos, incluindo controle biológico, aversão alimentar condicionada, utilização de variedades não tóxicas de forrageiras, utilização de animais resistentes às intoxicações e técnicas de indução de resistência.


#9 - Conditioned food aversion to control outbreaks of poisoning by Ipomoea carnea subsp. fistulosa and Turbina cordata in goats, 32(8):707-714

Abstract in English:

ABSTRACT.- Pimentel L.A., Maia L.A., Campos E.M., Dantas A.F.M., Medeiros R.M.T., Pfister J.A., Cook D. & Riet-Correa F. 2012. [Conditioned food aversion to control outbreaks of poisoning by Ipomoea carnea subsp. fistulosa and Turbina cordata in goats.] Aversão alimentar condicionada no controle de surtos de intoxicações por Ipomoea carnea subsp. fistulosa e Turbina cordata. Pesquisa Veterinária Brasileira 32(8):707-714. Hospital Veterinário, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, PB 58708-110, Brazil. E-mail: franklin.riet@pq.cnpq.br Conditioned food aversion is used to train livestock to avoid the ingestion of toxic plants. This technique was used to control Turbina cordata poisoning in goats in one farm, and to control Ipomoea carnea subsp. fistulosa poisoning in another farm. The goats were penned at night and the next morning the green plants were offered for 10 minutes. Goats that ingested any amount of the plant were treated through a gastric tube with 175mg of LiCl/kg body weight. In the flock in which the poisoning by T. cordata was occurring, the goats were averted every two months during the period that the plant was found in the pastures. During the experiment, from December 2009 to April 2011, new cases of poisoning were not observed, and there was a progressive decrease in the number of goats that ingested the plant and were averted. In the farm where I. carnea poisoning was occurring, most of the goats were averted in December 2010, 15-20 days before the first rains. The goats of this flock did not ingest the plant spontaneously in the field until September-October 2011, when, due to the dry season, there was a severe forage shortage, and the goats started to ingest the plant in the field. Later, despite three aversive treatments with 21 days intervals, the goats continued to ingest the plant and some animals became poisoned. In conclusion, conditioned food aversion was effective in to control intoxication by T. cordata. The technique was also effective in conditioning goats to avoid consuming I. carnea during the rainy season, but not during the dry season, with low forage availability in the field. The differences in these results seem to be due to the epidemiology of both poisonings: T. cordata is senescent and unavailable during most of the dry period, and green biomass is typically available either at the very end of the dry season, for a short period of time, and during the rainy season when there is no shortage of forage. In contrast, I. carnea grows in wet areas near water sources, and stays green during the dry period when there is a lack of other forage.

Abstract in Portuguese:

RESUMO.- Pimentel L.A., Maia L.A., Campos E.M., Dantas A.F.M., Medeiros R.M.T., Pfister J.A., Cook D. & Riet-Correa F. 2012. [Conditioned food aversion to control outbreaks of poisoning by Ipomoea carnea subsp. fistulosa and Turbina cordata in goats.] Aversão alimentar condicionada no controle de surtos de intoxicações por Ipomoea carnea subsp. fistulosa e Turbina cordata. Pesquisa Veterinária Brasileira 32(8):707-714. Hospital Veterinário, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, PB 58708-110, Brazil. E-mail: franklin.riet@pq.cnpq.br A aversão alimentar condicionada é uma técnica que pode ser utilizada em animais para evitar a ingestão de plantas tóxicas. A técnica foi utilizada em uma fazenda para controlar a intoxicação por Turbina cordata e em outra para controlar a intoxicação por Ipomoea carnea subsp. fistulosa. Os caprinos eram presos à noite, e na manhã do dia seguinte lhes era ofertada a planta verde, recém-colhida, por dez minutos. Os caprinos que ingerissem qualquer quantidade da planta eram identificados, pesados e tratados com LiCl na dose de 175mg/kg peso vivo através de sonda esofágica. No rebanho da fazenda na que havia T. cordata a técnica foi aplicada a cada dois meses durante o período em que a planta é encontrada. Durante todo o experimento, de dezembro de 2009 a abril de 2011 não ocorreu nenhum novo caso de intoxicação no rebanho e diminuiu gradualmente o número de animais avertidos e a quantidade de planta que ingeriam os mesmos durante o processo de aversão. Na fazenda na que ocorria intoxicação por I. carnea a maioria de rebanho foi avertido em dezembro de 2010, 15-20 dias antes do início das chuvas, e os animais não ingeriram a planta espontaneamente no campo até setembro-outubro de 2011, durante o período da seca, quando havia extrema carência de forragem e iniciaram a ingerir a planta no campo. Posteriormente, apesar de três tratamentos aversivos com 21 dias de intervalo, os animais continuaram a ingerir a planta e ocorreram casos clínicos. A técnica de aversão alimentar condicionada demonstrou ser eficiente e viável para o controle da intoxicação por T. cordata. Para a intoxicação por I. carnea a técnica impediu a ingestão da planta somente durante a época de chuvas, mas não durante a seca, quando há pouca disponibilidade de forragem. A diferença nos resultados com as duas plantas é, aparentemente, resultante das condições epidemiológicas diferentes nas que ocorrem as intoxicações. T. cordata desaparece durante a maior parte do período de seca. A planta rebrota e fica verde durante o fim de seca, quando diminui a oferta de forragem, por curto espaço de tempo, permanecendo verde durante a época de chuvas. I. carnea, por crescer próximas as fontes de água, em áreas húmidas, permanece verde durante todo o período da seca, quando é maior a escassez de forragem, favorecendo desta forma a ingestão da planta pelos animais.


#10 - The protective effect of acetamide on experimental poisoning by sodium monofluoroacetate and Brazilian sudden death causing plants in rats, 31(11):938-952

Abstract in English:

ABSTRACT.- Peixoto T.C., Oliveira L.I., Caldas S.A, Catunda Junior F.E.A., Carvalho M.G., França T.N. & Peixoto P.V. 2011. [The protective effect of acetamide on experimental poisoning by sodium monofluoroacetate and Brazilian sudden death causing plants in rats.] Efeito protetor da acetamida sobre as intoxicações experimentais em ratos por monofluoroacetato de sódio e por algumas plantas brasileiras que causam morte súbita. Pesquisa Veterinária Brasileira 31(11):938-952. Projeto Sanidade Animal Embrapa/UFRRJ, Seropédica, RJ 23890-000, Brazil. E-mail: peixotop@ufrrj.br The protective effect of acetamide in poisoning by sodium monofluoroacetate (MF) and by eight Brazilian sudden death causing plants (BSDCP) (Palicourea marcgravii, P. juruana, Pseudocalymma elegans, Arrabidaea bilabiata, Amorimia (Mascagnia) rigida, M. pubiflora, Amorimia (Mascagnia) exotropica and M. aff. rigida) was studied using rats. Additionally the clinical and pathological picture of the poisoning was described. In these experiments 33 Wistar rats (Rattus norvegicus albinus) were used. Nine rats ate spontaneously the fresh leaves of P. marcgravii at amounts of 2.0 and 4.0g/kg. Two of the rats received orally single doses of acetamide (2.0 and 4.0g/kg) one minute before the plant was supplied. A third rat received 4.0g/kg of acetamide after consumption of 4.0g/kg of the plant and showed severe symptoms of poisoning. In the experiments with MF, doses of 4.0 and 8.0mg/kg were administered to four rats. The interval between the administration of either acetamide and concentrated plant extracts or MF ranged from 2 to 4 hours; the dose of acetamide ranged from 2.0 to 8.0g/kg. In the experiments with concentrated extracts of eight BSDCP, 20 rats were orally poisoned with single or repeated doses. Acetamide, when previously administered, prevented the appearance of clinical signs and death in all of the rats poisoned by MF, as well as of the ones poisoned by fresh P. marcgravii leaves and by the concentrated extracts of each of the other BSDCP. These rats were re-subjected to the same experimental protocol, yet without the administration of acetamide. In these experiments, all of the rats evidenced clinical signs and death (except M. aff. rigida). All of the rats showed mild to markedly engorged atria, and sometimes also of the cranial and caudal vena cava. In three of the rats, there was a moderate right and left cardiac dilatation. The liver of all rats was slightly or markedly congested, with lobular pattern in some. There was frothy liquid on the cut surface of the lungs in three of the rats. The histopathology of the kidneys in six rats showed slight cytoplasmic swelling of the distal convoluted tubules and sometimes also of the collecting tubules. But only in four rats a vacuolar-hydropic degeneration with nuclear pyknosis was seen. Twenty-six rats showed liver congestion, three of them with compressive narrowing of the hepatic cords, and in eight rats shock corpuscles were observed; another three rats showed slight to moderate focal liver necrosis. A slight to moderate vacuolation of hepatocytes was observed in 16 rats. It can be concluded that acetamide had a protective effect, capable to prevent clinical signs and death of the rats poisoned by MF, and by fresh P. marcgravii leaves and concentrated extracts of seven other BSDCP. The clinical and pathological picture observed in the rats poisoned by MF and BSDCP, associated with the protective effect of acetamide, indicate that MF is the toxic principle responsible for death of the rats, and by extension, for the death of cattle that ate BSDCP.

Abstract in Portuguese:

RESUMO.- Peixoto T.C., Oliveira L.I., Caldas S.A, Catunda Junior F.E.A., Carvalho M.G., França T.N. & Peixoto P.V. 2011. [The protective effect of acetamide on experimental poisoning by sodium monofluoroacetate and Brazilian sudden death causing plants in rats.] Efeito protetor da acetamida sobre as intoxicações experimentais em ratos por monofluoroacetato de sódio e por algumas plantas brasileiras que causam morte súbita. Pesquisa Veterinária Brasileira 31(11):938-952. Projeto Sanidade Animal Embrapa/UFRRJ, Seropédica, RJ 23890-000, Brazil. E-mail: peixotop@ufrrj.br O objetivo deste trabalho é avaliar e comparar o efeito protetor da acetamida nas intoxicações por monofluoroacetato de sódio (MF) e por oito plantas brasileiras que causam “morte súbita” (PBCMS) (Palicourea marcgravii, P. juruana, Pseudocalymma elegans, Arrabidaea bilabiata, Amorimia (Mascagnia) rigida, M. pubiflora, Amorimia (Mascagnia) exotropica e M. aff. rigida) em ratos, bem como descrever o quadro clínico-patológico nos animais intoxicados. Foram utilizados 33 ratos da linhagem Wistar (Rattus norvegicus albinus), nove dos quais ingeriram espontaneamente folhas frescas de P. marcgravii nas doses de 2,0 e 4,0g/kg. Dois desses ratos receberam doses únicas de acetamida de 2,0 e 4,0g/kg, por via oral um minuto antes do fornecimento da planta. Outro rato recebeu 4,0g/kg de acetamida após ingerir 4,0g/kg da planta e manifestar sintomas graves. Nos experimentos com MF, foram administradas a quatro ratos doses de 4,0 e 8,0mg/kg; o intervalo de tempo entre a administração da acetamida e dos extratos concentrados ou do MF variou entre 2 a 4 horas. A dose de acetamida utilizada variou de 2,0 a 8,0g/kg. Nos experimentos com extratos concentrados das oito PBCMS, 20 ratos foram intoxicados por via oral com doses únicas ou repetidas. A acetamida, quando previamente administrada em doses suficientemente altas, evitou o aparecimento dos sinais clínicos ou morte dos animais intoxicados por MF, bem como pelas folhas frescas de P. marcgravii e com os extratos concentrados de cada uma das sete outras PBCMS utilizadas. Todos esses ratos foram novamente submetidos ao mesmo protocolo experimental, porém sem administração de acetamida. Nesses experimentos posteriores todos os ratos manifestaram sinais clínicos e morte (exceto M. aff. rigida, cuja amostra não se revelou tóxica). Todos os ratos apresentaram aurículas de leve a acentuadamente ingurgitadas e, por vezes, também as veias cava cranial e caudal. Havia moderada dilatação cardíaca direita e esquerda em três animais. O fígado de todos os animais apresentava-se de leve a acentuadamente congesto, e em alguns ratos, verificou-se evidenciação do padrão lobular. Observou-se ainda discreta a leve presença de líquido espumoso na superfície de corte dos pulmões em três ratos. O exame histopatológico evidenciou nos rins de seis dos 30 ratos leve a moderada tumefação citoplasmática dos túbulos uriníferos contornados distais e, por vezes, também nos túbulos coletores, mas somente em quatro (dois intoxicados por P. marcgravii, um por P. elegans e outro por A. exotropica) havia a clássica lesão de degeneração hidrópico-vacuolar com picnose nuclear evidente. No fígado de 26 animais havia congestão e, destes, três apresentaram estreitamento compressivo dos cordões hepáticos, oito corpúsculos de choque; em outros três, necrose focal de discreta a moderada. Observou-se ainda, de discreta a moderada vacuolização de hepatócitos em 16 animais. Este trabalho demonstra que a acetamida possui acentuado efeito protetor, capaz de prevenir os sinais clínicos e evitar a morte dos ratos intoxicados por MF, folhas frescas de P. marcgravii e extratos concentrados de outras sete PBCMS. O quadro clínico-patológico observado nos ratos intoxicados pelo MF e pelas PBCMS deste estudo, associado ao efeito protetor da acetamida, confirma que o MF é o princípio tóxico responsável pela morte dos ratos, e, por extensão, também dos bovinos que ingeriram PBCMS.


Colégio Brasileiro de Patologia Animal SciELO Brasil CAPES CNPQ UNB UFRRJ CFMV